O fim da parceria com a Amaggi não alterou os planos da Inpasa para expansão em Mato Grosso. Pelo contrário, ela dobrou a aposta, ampliando a liderança na produção de etanol no Brasil.
Dois meses depois de desistir da sociedade com o grupo da família Maggi para produzir etanol de milho, a Inpasa anunciou, nesta quinta-feira, investimento de R$ 3,48 bilhões no estado, movimento classificado pela companhia como “um dos maiores ciclos de expansão de sua história”.
A Inpasa vai construir uma nova usina em Rondonópolis, a terceira da empresa em Mato Grosso e a oitava no País, e ampliará a sua unidade de Nova Mutum.
Os dois projetos mato-grossenses vão adicionar 1,35 bilhão de litros à produção anual da Inpasa, que tem outras duas plantas em construção: em Luis Eduardo Magalhães (BA), que deve ser inaugurada no primeiro trimestre de 2026, e Rio Verde (GO), prevista para o primeiro trimestre de 2027.
Com esses quatro projetos, a Inpasa elevará a sua capacidade anual em aproximadamente 2,8 bilhões de litros, chegando a 9 bilhões de litros. Os valores de investimento dos quatro projetos somados também impressionam: R$ 7 bilhões.
Nos últimos cinco anos, a Inpasa investiu R$ 13 bilhões em etanol de milho. Hoje, a companhia opera cinco unidades no Brasil e duas no Paraguai, com capacidade instalada para produzir 6,2 bilhões de litros por ano.
As usinas de MT
A unidade de Rondonópolis receberá R$ 2,77 bilhões desse total. A nova planta terá capacidade para processar 2 milhões de toneladas de grãos por ano, resultando na produção de 1 bilhão de litros de etanol.
A nova usina, que estará localizada no principal polo produtor de grãos do País, ainda terá capacidade para produzir 490 mil toneladas de DDGS, ingrediente usado na ração animal, 47 mil toneladas de óleo vegetal e 345 mil GWh de energia elétrica. As operações devem começar no primeiro trimestre de 2027.
A companhia também vai investir R$ 704 milhões na expansão da planta de Nova Mutum, que terá a sua capacidade de processamento elevada em 1 milhão de toneladas, totalizando 3 milhões de toneladas. Com isso, a unidade vai produzir um volume adicional de 350 milhões de litros de etanol por ano, atingindo 1,4 bilhão de litros no total.
A capacidade adicional de produção de DDGS em Nova Mutum será de 183 mil toneladas. As obras estão previstas para acabar no final de 2026.
Consolidação
“Este anúncio marca mais um passo decisivo na consolidação da companhia como a maior biorrefinaria de etanol de grãos da América Latina”, disse Éder Odvar Lopes, presidente da Inpasa e filho do fundador, José Edvar Lopes, em comunicado.
Em entrevista ao Valor, que antecipou o anúncio mais cedo nesta quinta-feira, o CEO disse que, quando esse ciclo de investimento for concluído, a empresa entrará em uma etapa de “consolidação”.
Ele também revelou que a Inpasa tem um plano para originar a biomassa necessária para abastecer as caldeiras dos novos projetos — nesta safra, o plantio próprio de eucalipto deve somar 40 mil hectares. Disse ainda que a companhia usará o próprio caixa para os investimentos recém-anunciados.
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A joint venture que havia sido anunciada em outubro entre Inpasa e Amaggi previa a construção de três usinas em Mato Grosso. A primeira delas em Rondonópolis, com investimento de R$ 2,55 bilhões.
A Amaggi também deve seguir o seu plano de erguer uma usina de etanol de milho em Rondonópolis, onde já tem uma área reservada para o projeto.
Em 2024, a Inpasa faturou R$ 14,9 bilhões e teve um Ebitda de R$ 4 bilhões.




